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26 maio 2008

Para não parar de acreditar



Toda vez que me canso de acreditar, sinto uma tristeza tão fria que parece não existir verão debaixo desse céu. Se fico quieto, querendo uma nova motivação, acabo por contentar-me com as de costume, afinal, não há sempre motivo novo que faça uma fé perdida florescer, nem quietude de vida que suscite frutos. Todo aquele que acredita é sempre mais forte na dor, e mesmo disso sabendo, me acomodo no vazio que a fuga de todas as minhas crenças produz. Minha fé é a saudade que possuo da minha infância, é também essa vontade em mim de reencontrar com alguém que não sou mais. Daqui a alguns anos saberei - talvez - o preço que o deixar de acreditar requer. Por enquanto, eu acredito. Acredito no amor que os jovens corações apaixonados juram, acredito que destino é o que fazemos com nossos passos, acredito no Único que possui palavras de vida, acredito na inocência dos meus pequenos, acredito nos soltos anacronismos parafraseados por Pedro em suas cabíveis épocas, acredito no pedido de perdão dos de coração contrito, acredito no choro que a saudade do filho recria. Eu ainda acredito.

14 maio 2008

"Toda criança tenha a Estrela dentro do coração."



De tanto querer, aprendi cedo o valor do confortar-se. As coleções da Glaslite e da Estrela lambiam meus olhos a cada nova vitrine natalina. No mês de outubro, o apelo consumista já assenhorava-se de todos os meus onirismos. Dia das crianças serve mesmo é para machucar pequenos corações humildes, mas eu me calava. Houve uma época em que o meu falar era pouco, tinha traços de quem ainda não aprendera a interagir com o mundo à sua volta, era tímido, com receio de tudo e de todos, desconfiado. Hoje, falar demasiado tornou-se o meu pior eu. De todos os eus que fui, nenhum se equiparava ao da infância, este foi o melhor que houve. O eu de hoje nem sou eu, é outro que não reconheço em minhas atitudes e em meu falar, e por falar nisso, minha atual loquacidade frívola quase sempre faz com que tenha outra vez saudades deste que falava pouco e tampouco se importava com o “não ter”. Quero mais uma vez aprender a não falar sempre tanto, usar mais o meu calar. Como disse uma célebre raposa: “a linguagem é uma fonte de mal- entendidos”, e farto estou de equivocadas interpretações. Não mais me importarei em não ter, ainda que Estrela, Glaslite, bons amigos, amores, infância, inocência. Seja meu calar minha melhor compreensão deste mundo tenebroso e destes homens frios e sua fúria desmedida.

10 maio 2008

apaixonantes e apaixonados



Existem pessoas apaixonantes... Quando se gosta de alguém seu mundo se torna diferente, existe “um trem para as estrelas” onde podemos subir deixando a estação do vazio para trás rumo à estação do sorriso fácil...
Ficamos ali tentando imaginar como aquela pessoa pode existir, como ela preenche nossas expectativas, nossos anseios, nossos gostos. É como se ela tivesse sido criada por nós mesmos, em algum outro universo paralelo, pra nós, pois só nós sabemos o quão perfeitamente ela se encaixa na fenda do nosso coração.
Esta pessoa nos causa taquicardia, sudorese e nervosismo, ela entra constantemente dentro dos nossos sonhos sem pedir licença, tendo acesso livre a noite quando não podemos fingir... É quando nos sentimos confusos, pois não sabemos se a odiamos por não tê-la ou a perdoamos por não nos amar.
Às vezes ela fala conosco outras vezes não, e quando ela passa por nós não sabemos nos comportar, não sabemos para onde olhar, não sabemos mais nada!
Existem pessoas inalcançáveis, não por assim serem de fato, mas por assim ser a vida, por tamanhas dificuldades e diferenças, crenças e modelos. Existe uma linha que nos separa, traçada antes mesmo de haver um primeiro contato ou olhar, existem “muros de concreto entre nossos lábios”, há o que o tempo chama de: “Quase” ou de: “quem sabe da próxima vez”.
É aí que a vemos ir para outros braços, alguém melhor que nós, julgamos, e queremos tanto bem a essa pessoa que compreendemos que assim será melhor pra ela, ela estará mais feliz, numa forma de relacionamento mais compatível que o que podemos oferecer, ao ponto de nos sentirmos culpados por não sermos, por assim dizer, capacitados a receber amor de volta.
Fazemos uma trouxa enrolada em papel vermelho cor de coração partido, com uma vareta empenada de desolação e desconforto, damos aquele suspiro forteeee e seguimos em frente fingindo que nada aconteceu, fingindo, fingindo...
Somos apaixonantes e apaixonados o tempo todo, talvez tudo esteja na nossa cabeça, talvez desse certo, talvez não... “Talvez” seja a palavra perfeita pra esse sentimento. Luiza Braz disse que “Bastava ela ter certeza que suas certezas iam lá e se jogavam, que suas certezas eram suicidas”.
Se soubéssemos os tormentos que causamos aos outros sem saber, se pudéssemos saber quem se interessa por nós ficaríamos encantados e admirados! Não haveria desencontros nem receios salvo, pela recíproca verdadeira.