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15 janeiro 2010

Todas as Desculpas



Todas as desculpas são desnecessárias, sem remorsos, hoje dor amanhã um espetáculo de placidez, ela me faz bem, ela me faz bem... Ela e às vezes a vida.

Minhas veias são amestradas, minhas pupilas dilatadas, sabor, furor, olhares trocados na escada rolante do shopping, vendedores de lojas de sapato, tênis mais que sapatos, mais que meias nos pés dos jovens ansiosos.

Família, futuro, parentes, paredes com marcas de rabiscos, sobrinhos com sorrisos hidrocor. Escova de cabelo, escova de dentes, dormir, acordar, receber um abraço gostoso! Gargarejar e sair correndo atrasado, olhar pro relógio apressando o tempo querendo encontrar alguém.

Todas as desculpas são desnecessárias se estivermos felizes ou esperançosos, toda dor vai pelo ralo de um banho demorado, toda dor some com aquela voz no telefone, ganhamos o dia se recebermos um certo beijo, um certo afago.
Nunca mais esqueci como amarrar meus cadarços do sapato, comer um sonho sentado no banco da praça... que dia bom! Meio sem graça mas bom, essa meia está apartada, chegando em casa quero andar descalço, e na tv passa um comercial de refrigerante enquanto eu estou com muita sede de viver.

08 janeiro 2010

De tudo que muda


Eu sei, todos no fundo sabem, somos tão inconstantes que nos tornamos acostumados a esquecer. Um não de quem esperávamos talvez sins sonoricamente regozijantes, uma mesa nua e vazia onde antes duas xícaras brincavam de quem esfriava primeiro o chá, um vaso azul aprisionava flores monocromaticamente indecisas onde agora só existe um chão vestido de piso quase novo. Num dia acordamos capitães de nossas vidas, noutro, nos deitamos passageiros de um destino desgovernado. Sorrindo percebemos a necessidade de não se guardar na memória nada que rime com saudade, pessoas fantásticas podem causar medo e fazer o estômago amargar a boca, por estas nos apaixonamos, estas parecem que nunca se apagam. E isso tudo importa, não como deveria, mas na maioria das vezes não conseguimos controlar a medida da importância que atribuímos às coisas que nos são por vida. Um dia eu vi a foto de uma garota, ela me guardou nos olhos quando nos falamos à distância pela primeira vez, era coisa de internet, esse mundo fascinante que minha mãe acredita ser um tipo de universo paralelo, e eu a tranquei em meu coração. A foto dela eu fiz parar em “Meus Documentos – Minha Imagens”, e o cheiro de leite que ela me confessou ter arrumou um colchão e um travesseiro e foi morar dentro de minhas saudades. Toda vez que essa saudade acordava eu corria e deixava meu olho lamber aquelas fotos presas lá em “Minhas imagens”, e então ela, a saudade, como os ursos nas estórias infantis que sempre adormeciam ao ouvir uma linda canção de ninar, voltava ao seu colchão rapidinho, e dormia toda cheia de roncos, de travesseiro entre as pernas e dedo na boca. Tenho a impressão que minhas saudades temem aquelas fotos enfeitadas de arco-íris em manhãs de sábado, mas enquanto humanos, somos tão variáveis. O cheiro de leite que ela parece ter eu nuca senti, e as fotos que dela tenho sempre mudam no outro dia, hoje elas não amanheceram enfeitadas de raios de sol, como de costume, mas isso é bom. Antes essa menina falava comigo me soprando as muitas cores que se misturavam em seu coração, agora suas palavras são tão cinzas que eu brinco de escrever nelas. Lembro que perto da minha mesa havia um vaso azul que aprisionava flores monocromaticamente indecisas, eu escrevi “saudade” no cinza da falta de cores que agora impera tão silenciosa em suas palavras...