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31 outubro 2005

Conselho de Amigo



Se eu tivesse que dar-te um conselho eu diria: “Seja racionalmente sincero”;
Costumamos causar dor a quem nos é próximo e íntimo, julgamos que o peso de nossas palavras recai como pena aos ouvidos alheios... no mínimo cócegas estas fariam se em verdade não fossem pesadas como chumbo.
Porque não somos sinceros sempre e sim, somos sinceros quando queremos ser.
Porque não somos sinceros com nós mesmos e sim, sinceros quando apontamos para o lado.
Se eu pudesse dar-te um conselho, diria “pare de queixar-se”;
Seu fardo não é maior que a força que tens em carregá-lo, muitos dos nossos problemas são germens de nossos “trigos” mal colhidos, são frutos dos nossos defeitos mal tolhidos e como conseqüência nos causam desventura. Tristes as, tristezas vãs, tudo passará através de nossos olhos atentos, escorrerá entre os dedos, virará pó e esquecimento. Antes disso o sofrimento será opcional como num kit compre 2 e leve 3 de supermercado.
Se eu pudesse dar-te um conselho, diria: “Não queira impressionar”;
Impressione-se primeiro, a admiração vem quando nos tornamos nós mesmos, espontaneamente, livres de engodos e artificialidades, o mundo nos ouvirá mesmo em silêncio profundo.
Se eu pudesse dar-te um conselho, diria que conselhos são travas de segurança doadas por amigos para desavisados temporariamente: daltônicos cegos, maestros surdos, mestres mudos e tímidos sinestésicos.

06 outubro 2005

Galápagos




Quero ser livre como um pássaro, não um pássaro qualquer, quero ser impávido, cheio de galhardias e exuberância, quero pairar no ar de minhas conquistas, quero alçar vôo nas maiores alturas inexploradas, quero que o Boeing tenha inveja de mim, eu seria meu próprio passageiro, sim seria bom!
Mas o peso que recai sobre mim e tão colossal que visto minhas pequenas proporções não lhe guardo rancor, antes o condor voasse mais baixo! Assim ele poderia me avisar quando eu estivesse distraído de mim mesmo, e neste pequeno instante, neste lapso de consciência momentâneo, eu aproveitaria pra sonhar... Sonhar com novos ares, verdes piteridófitas, imensas angiminiospermas dando frutos, e elas dão frutos? Não lembro! que seja, uma floresta intocada cheia de reflexo da terra... Um garoto pouco falante vem soprar meu alpiste, mal sabe ele que também sei fazer isso, é só um segredo que nós cacatuas guardamos dos outros seres, conheço algumas palavras do seu vocabulário, mas ele ignora todas do meu. Só agora lembro que vivo num viveiro, acho que os caracóis são mais felizes, um pouco lentos mas felizes... Esse som de walkman me lembra o tempo que vivia no zoo.
Hoje sou um passaro bicho de cidade que sonha morar em Galápagos, vendo os comerciais da tv, hoje afasto-me dos raios de sol pois julgo que estes me causam mal as penas alvas, preocupo-me com o efeito estufa, preocupo-me com a criminalidade, meu Deus estão traficando animais em tubos de pvc! tenho claustrofobia!! quem dera fosse criado por um monge tibetano, ou minha imagem fosse símbolo de bandeiras como a de Papua-nova-guiné. Acho-me uma ave frustrada, queria ter nascido em outra época, sem viveiros cativos, até hoje espero que paguem o meu resgate, não entendo, eu era rico e livre, livre como o velho índio cherokee que criou meu tataravô, hoje sou velho como a linda ilha de Galápagos.