05 abril 2007
Sim e Não
Não guardo todos os pensamentos alheios comigo
Só os que me tocam por coincidência de pensamentos
Não guardo todos os males causados por terceiros
Só os que profundamente me doeram na alma
Não guardo todos os sorrisos direcionados a mim
Só aqueles que foram verdadeiramente lindos no tempo
Não toco em todos que a vontade me agita
Só naqueles em que a vontade vence o medo da incompreensão
Não danço, não fumo, não interpreto malmente nada
Não toco instrumento, não sei esculpir em carrara, nem cantar
Não sou brilhante ou extraordinário, não sou filósofo, nem mentor
Não provoquei reações em cadeia, não motivei nenhuma revolução alheia
Não sou extremamente belo, bravio, nem behavior
Não sou impávido, imponente nem imprevisível
Há várias formas de se falar algo, mas a forma mais contraditória possível
É a explanação específica e enigmática de usar a negação
Há muitos “não” em minha vida, poucos “sim” singelos e simples, simbólicos...
Há o hábito da negação nefasta e negra, niilismo do “não”
Há o peso de três tristes letras transcritas na tradução da beleza do que me agrada
Para o oposto que me persegue, do “sim” para o “não”
Há a afirmação alfórrica e atroz do “sim”, aliteração que anseio em meu âmago
Ah! seria melhor despertar o “sim” incluso no “não”, cancelar completamente essa cognição, adeus ao “não”, corvo celeste e cipreste, foges de mim.
Faria mais fábulas fantasiosamente felizes se a fixação do “sim” forjasse em mim, sem fricção fria ou febril, o fim do “não”
Fábricas do “sim” funcionariam furiosas em meu coração.
Farpas e ferrugens fatídicas do “não” flutuariam num fluido finado e falido
Enquanto eu me descreveria de outra forma mais formidável...
Contudo, diante de uma possibilidade completamente igual à outra segundo a ciência,
Por que vence a probabilidade paranóica e pragmática que me pragueja o “não”?
Onde andará a razão radiante e redentora do “sim”?
Que método matemático massivo é este então?
Três letras e um trilhão de possibilidades
Um só som sinteticamente simples
Trazem salvação ou sabotagem
Não tenho paciência com todas as coisas
Só com aquelas que me deixam calmo
Não procuro a felicidade infinita
Só aquela infinita para um “sim”.
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