13 abril 2007
Anjos e Mendigos
Hoje um mendigo me chamou de “meu anjo”
E eu nem lhe fiz milagres em sua vida
Apenas atenção por ele encarecida
Apenas um gesto pronto de um estranho
Agora anjo, um Serafim na avenida
Despejei metal pra curar sua ferida
Cedendo tempo, preciosa medida
Lancei um olhar com paciência vencida
Como essência de anjo há anos esquecida
Hoje um mendigo me chamou de “meu anjo”
E eu nem sequer perguntei o seu nome
Se ainda existia míngua ou saldo
Em seu chapéu que mirava o céu
Já que todos nós mendigamos algo
Hoje um mendigo me chamou de “meu anjo”
Talvez tenha notado minhas asas corrompidas
Agora o anjo era ele
Eu era o mendigo em vida
Desprovido de tudo
Por não lhe oferecer uma saída
Hoje um mendigo me chamou de “meu santo”
Visto que todos os dias são
Nem todos sentem o mesmo
Diante do milagre a esmo
Gritando aos surdos na multidão
O mendigo seguiu em sua prece
O Anjo ficou eu sua celestial esquina
Esmola de mendigo que o anjo agradece
Trapos de anjo que o mendigo ilumina
Anjos sem sexo
Mendigos sem asas
Sob uma benção divina
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