23 outubro 2004
Velhos Tempos
Posted on 10/23/2004 02:31:00 AM by Pedro Neiva
Quando observo a juventude de hoje sinto uma imensa tristeza, sinto falta dos velhos e bons tempos em que eu ouvia , pela rádio do clube da AABB, músicas como "Sobre o Tempo"- do Nenhum de Nós- enquanto brincava naquelas paradas que giravam e giravam até vc vencer seu amigo ou sair tonto, nadava na piscina, fazia técnicas apuradas para pegar lagartas na terra com folhas de pinheiro, andava de bicicleta e ficava babando quando via alguém mais evoluido com mobiletes da Caloi, pow bicicleta com motor! mas eu me contentava com minha Bmx SuperStar preta, cuidávamos da pista de cross e das rampas, dia de chuva era lindo! meu pneu era furado e durava uns 45 minutos pra tornar a encher... voltava do colégio com os amigos, pulando passeios, falando sobre lendas e histórias absurdas sobre os moradores do caminho.
As tardes duravam uma eterindade, fazíamos armadilhas na areia de terrenos baldios, uma legião de amigos cada um passava na casa do outro, a rua toda se conhecia... atiravmos pedras em carros que passavam e depois nos escondiamos, rindo e com medo ao mesmo tempo, guerras de tampilhas de refrigerantes com espingardas de elástico, meu irmão colocava um colchão no passeio, subia no muro e pulava com um para-quedas feito com plástico de mesa... eu achava aquilo fantástico... ficava dando pressão: vai, vai, uhooo! assistia "Esquadrão classe A" "Spectromen" "Jaspion" "Super máquina"e dezenas de seriados japoneses, americanos...fora os desenhos...você podia ver uma criança andando pela rua perto das 12 da noite e era normal, lembro que fechávamos a rua (meninos e meninas) pra jogar baleado nas sextas-feiras até esse horário.
Cidade do interior, 3 irmãos, dezenas de amigos e conhecidos... dormindo na casa dos colegas, nossos pais viajavam juntos e nos levavam, famílias se aproximavam, e o mundo era bem maior, eu roubava goiaba da casa da vizinha até ela me pegar e falar: " é só me pedir meu filho!" e me deu um saco enorme daqueles de pão cheio de araçá (goiaba) - naquele tempo pão vinha em saco de papel, fanta vinha em garrafa de vidro, o carro do leite vinha na porta entregar, o carro do gás (quando n tinha o sino, tinha um cara em cima da caçamba batendo com um ferro num botijão vazio q nem um maluco)... ir na casa de dona Fia era de lei, pedir pra ela um pouco de mel, em sua casa tinha barris azuis com torneiras cheios de mel, tinha alguma coisa haver com o trabalho do marido dela... Todo guri tinha uma caminhonete de brinquedo da chevrolet, amarrava um cordão e pronto, passava o dia... qual foi a criança que nunca mascou "minichicletes" aquele vermelho no formato de um refil de nescafé de hoje, com quadrados coloridos, quem viveu pode até sentir o sabor na lembrança.
A coisa mais antiga que me lembro na minha infância é de uma bala que vinha em cartela com desenho de animais (girafa, leão, elefante) você pedia ao vendedor quantas queria e ele destacava... parecia com as balas "Soft" mas n lembro o nome. Algumas coisas nunca mudaram: Fósforos Guarani, pasta dental Phillips arg!, Batom Garoto, Farinha Láctea, Leite Ninho, Caldo de carne Knoor, Chicletes Adams... etc, por que a mentalidade das crianças tem que mudar? por que a vida moderna ofusca essa fase e transforma, suprime, queima etapas? serão adultos sadios? a mentalidade não anda muito precoce? namoro, sexo, celular na mão, tecnologia, pc e internet; ainda existe infância?
Lembro que tinha um relógio Cassio digital, e ficava a noite, na cama, acionando a luz como se fosse um vaga-lume enquanto meu irmão respondia o sinal com o dele. Não pensava em muita coisa... meu primeiro skate foi um "Pro Life" comprado no Paes Mendonça mas essa rede de supermercados não existe mais. Eu perdi meu boneco do Rambo na grama num dia de chuva, quando fez sol alguém passou a máquina de cortar nela, adivinha quem ficou em pedaços?
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