08 novembro 2004
Se não fosse
Posted on 11/08/2004 01:18:00 AM by Pedro Neiva
*Haveria em mim maior explicação se não fosse a tórrida constatação de minha ingênua ignorância.
Haveria em mim maior motivação se não existisse tamanha obstrução de sonhos
Estaria eu, risonho e parafraseando anacronismos soltos se a passagem do tempo não fosse tão irrevogável e impiedosa.
Com certeza sofreria de amor verdadeiro se ao menos a clarabóia dos sentimentos estivesse aberta ao meu entendimento.
Sofreria um choque anafilático se no futuro, alguém pudesse me mostrar o presente e narrar os fatos da minha míope percepção da vida, ao mesmo tempo em que estaria me argüindo respostas em comparação ao meu passado.
Sentiria-me bem se perdesse a mania de acordar tarde e de causar fastio às normas de conduta da sociedade, porém, sabendo que não partiria de mim esse obséquio, entenderia como algo sobrenatural e de bom presságio essa possível mudança.
Poderia escrever um milhão de palavras se elas não fossem tão pessoais e notoriamente expressões de meus defeitos e necessidades íntimas.
Rebateria no ato, qualquer agressão sofrida se tivesse permissão divina para assim proceder.
Entraria em estado de coma se descobrisse quantos neurônios e dias de outono perderia, me envolvendo com drogas e futilidades imbecis de pseudomaduros jovens obsoletos, de grandes cidades e de grandes cabeças desprovidas de ausência do nada, de cultura e de atitude.
Sentiria-me burro se não soubesse a diferença entre as palavras: persistir e insistir. Seria realmente burro se ao menos não procurasse seus significados no dicionário.
Sentiria-me feliz se soubesse empregar com perfeição a vírgula, em todos os seus casos.
Poderia explicar o significado de um dejavu se ele se repetisse com mais freqüência.
Seria muito direto se conseguisse resumir tudo em poucas palavras.
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